Muitas das pessoas interessadas em melhorar o seu nível perguntam-se qual é a melhor idade para aprender inglês. Contudo, o que devemos ter em mente, antes de mais nada, que aprender inglês ou qualquer outra língua é uma tarefa para toda a vida. Nós nunca deixamos de aprender e de acrescentar novas palavras e expressões àquelas que já conhecemos. Assim, para tornar este desafio mais controlável, a melhor coisa a se fazer é determinar em que idade começar, a fim de dominar as quatro competências linguísticas: ler, ouvir, falar e escrever.
Desde bebés até aos primeiros anos da escola primária
Desde muito pequenas, as crianças são capazes de aprender duas ou mais línguas. Alguns especialistas acreditam que a aprendizagem de línguas é inata e começa ainda no útero (Blakemore e Frith, 2005). Os autores afirmam que os bebés são capazes de detetar uma vasta gama de sons e perdem esta capacidade a partir de cerca de dez meses após o nascimento. Esta fase é conhecida como o "período sensível", quando a exposição à uma língua, numa idade tão precoce, é altamente propícia para distinguir os sons dessa língua (por exemplo, é claro, o inglês).
Estar exposto aos sons, ritmos e padrões do inglês através de música, rimas infantis, livros ilustrados, histórias, bem como através da interação com familiares e amigos, cria um ambiente propício para as crianças se tornarem fluentes na altura em que iniciam a escola primária.
Nesta aprendizagem desde a primeira infância, as crianças utilizam estratégias inatas para dominar a gramática da sua língua materna e de outras línguas com as quais entram em contacto. Começam a relacionar ideias usando os seus conhecimentos de gramática e podem criar histórias mais longas que os ajudarão a passar à expressão escrita dessa língua. Durante este tempo, à medida que alargam o seu círculo de amigos e começam a socializar na escola, as suas capacidades escritas desenvolvem-se das palavras para frases cada vez mais longas. As suas capacidades orais são geralmente mais desenvolvidas do que as suas capacidades de escrita.
Geralmente, nos primeiros anos da escola primária, as crianças não se sentem embaraçadas quando se expressam noutra língua. A maioria não se sente intimidada com a possibilidade de cometer erros. De forma geral, apenas gostam de aprender coisas novas que são importantes para elas. Esta é a principal vantagem de aprenderem inglês quando bem pequenas, uma vez que não têm medo de cometer erros e optam pelo que já sabem – sem demasiada preocupação com a gramática ou se estão ou não a usar a palavra certa. Devido à sua juventude, também são capazes de reproduzir mais facilmente os sons de cada língua, assim, rapidamente, aprendem a pronúncia do inglês que ouvem em rimas e canções.
A aprendizagem precoce da língua favorecerá a compreensão oral na adolescência, bem como na pronúncia dos sons em inglês e, naturalmente, enriquecerão o seu vocabulário e aumentarão os seus conhecimentos de gramática ao longo da vida. Outras atividades também auxiliam a capacidade de compreensão e expressão em inglês, como jogos, teatro, filmes, leituras e atividades ao ar livre.
Prós:
- A rapidez com que as crianças aprendem.
- A sua capacidade inata de aprender e reproduzir sons.
Contras:
- As crianças precisam de estar em contacto com o inglês durante o máximo de tempo possível.
Fim da escola primária e secundária
As crianças que não tiveram o contacto logo cedo com o inglês ainda podem recuperar rapidamente.
A vantagem para os estudantes desta idade é que ainda têm a capacidade de imitar e reproduzir sons com facilidade. Além disso, eles têm uma capacidade cognitiva mais desenvolvida que os ajudará a compreender temas e questões gramaticais mais complexas. Graças à sua curiosidade e pensamento rápido, são capazes de compreender muitos contextos e situações, permitindo a elaboração de respostas mais variadas (orais ou escritas).
Os pré-adolescentes e os adolescentes também têm a grande vantagem de serem mais autónomos. Assim, podem aproveitar a oportunidade oferecida pelas redes sociais ou outros recursos online para melhorar o seu inglês e aprender fora da sala de aula. Por exemplo, podem seguir uma celebridade anglófona do mundo da música ou do cinema no YouTube, desfrutar de jogar videojogos em inglês e/ou explorar os âmbitos da arte. Tudo isto pode ser motivador e irá encorajá-los a aprender cada vez mais.
As crianças mais velhas estão prestes a chegar ao fim do que é conhecido como período crítico (Lenneberg, 1967). Na hipotése do período crítico, afirma-se que as crianças e os adolescentes são capazes de aprender uma segunda língua como falantes nativos. Segundo os especialistas, após esta idade, é mais difícil expressar-se em inglês sem interferência da língua materna, embora isto apenas se refira ao sotaque e não compromete os outros aspectos da aprendizagem do inglês.
Neste momento da vida, todos os aspetos envolvem a aprendizagem. Os estudantes passam a maior parte do seu tempo a praticar as suas competências de estudo, a aperfeiçoar as suas estratégias para lidar com os exames e a grande quantidade de informação que os rodeia. São máquinas de aprendizagem, logo, enfrentar o desafio de estudar inglês é potencialmente mais fácil para eles, uma vez que estão habituados ao ritmo da vida escolar. Há exceções, claro e, podemos ser tentados a esquecer que, entre o estudo e os trabalhos de casa, os adolescentes podem ser sobrecarregados, o que seria contraproducente para a construção dos seus conhecimentos da língua inglesa.
Prós:
- As crianças da escola primária ousam atirar-se para a língua sem se sentirem desconfortáveis com os erros que cometem.
- Podem alcançar a aprendizagem da língua inglesa devido às suas capacidades cognitivas e à fase em que se encontram.
- Os adolescentes têm mais oportunidades de aprender línguas com a internet e as redes sociais.
Contras:
- Os adolescentes podem começar a ter medo de expressar-se à frente dos seus colegas.
- Podem passar muito do seu tempo a estudar para exames de outras disciplinas.
Adultos
E os adultos - será este um bom momento da vida para começar a aprender uma língua?
Nos últimos anos, temos sido bombardeados com informações sobre como nunca deixamos de aprender e como a plasticidade dos nossos cérebros nos permite ser alunos para toda a vida (Blakemore e Frith, 2005).
A grande maioria dos adultos ainda utiliza todas as competências de estudo e estratégias de gestão do tempo que aprenderam na escola, no liceu e na universidade. Quando adulta, uma pessoa tem uma grande diversidade em seu vocabulário da língua materna, assim como vastas experiências para se basearem e referirem. Isto a ajuda a descobrir o significado das palavras e frases que possa encontrar noutra língua. Na realidade, não existe nenhum impedimento para aprender inglês na vida adulta ou para o aprender bem.
Entretanto, os compromissos e responsabilidades familiares podem demandar mais tempo de uma pessoa adulta, logo deixam de se dedicar ao estudo de outras línguas. Além do mais, podem ter ideias pré-estabelecidas, porém erradas, sobre a aprendizagem de línguas (baseadas na forma como foi ensinada no passado) que bloqueiam a sua capacidade de aprender.
Também se diz que, devido ao fim do período crítico proposto por Lenneberg, é pouco provável que os adultos consigam alcançar o mesmo domínio de pronúncia que as crianças e os adolescentes numa segunda língua. O nosso sotaque faz parte da nossa identidade e é por essa razão (entre outras) que se argumenta que pode ser mais difícil para os adultos assimilar os sons do inglês. No entanto, também devemos ter em conta que, num mundo globalizado como o nosso, a pronúncia (ou gramática) 100% correta não é tão importante como costumava ser. A chave é a comunicação e não a pronúncia com ou sem sotaque. O importante é que sejamos compreendidos e possamos comunicar claramente as nossas ideias.
Prós:
- A vasta experiência adquirida ao longo da vida ajuda a compreensão do inglês.
- A aprendizagem de línguas é um ótimo exercício para o cérebro.
Contras:
- É pouco provável que se consiga uma pronúncia próxima da nativa quando se começa a aprender inglês na fase adulta.
- As obrigações podem reduzir o tempo disponível para o estudo.
Então, voltamos à pergunta inicial, qual é a melhor idade para aprender inglês?
Como pode perceber, há vantagens e desvantagens em cada uma das fases da vida que discutimos neste artigo. Contudo, começar cedo possibilita aos estudantes certa facilidade no desenvolvimento da pronúncia e de uma gramática correta. Foi também salientado que os alunos nos últimos anos da escola primária têm a capacidade de alcançar os alunos mais jovens, pois as suas capacidades cognitivas estão mais desenvolvidas.
Para os adultos, nunca é tarde demais para aprender uma nova língua, especialmente se houver uma concentração na capacidade de comunicar clara e eficazmente, mesmo que não fale como a Rainha da Inglaterra.
Referênciais Bibliográficas:
Blakemore, S.-J. y Frith, U. (2005): The Learning Brain: Lessons for Education. Blackwell Publishing Ltd. (Cómo aprende el cerebro: las claves para la educación. Ariel, 2007).
Lenneberg, E. H. (1967): Biological Foundations of Language, John Wiley and Sons Inc. (Fundamentos biológicos del lenguaje. Alianza Editorial, 1975).